Estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que o Centro-Oeste é a região do País em que as pessoas mais confiam nas polícias Civil e Militar (para cada mil habitantes, 404 confiam). Mas, apesar disso, mais da metade da população (58, 65%) ainda se sente insegura frente às instituições. Os dados fazem parte da segunda edição do Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) sobre Segurança Pública, divulgado ontem pelo Ipea e realizado entre os dias 17 e 31 de maio de 2010.
Apenas 4,3% das pessoas entrevistas na região (veja box) afirmaram durante a pesquisa que confiam muito nas polícias. Percentual considerado ainda muito distante do ideal, pois significa que, praticamente em cada dez pessoas, seis não confiam nas polícias. Mas, apesar dessa desconfiança atingir a maior parte da população, o estudo mostra que, no Centro-Oeste, a sensação de segurança é relativamente alta (116 por mil contra 97 por mil da média nacional).
Apenas 4,3% das pessoas entrevistas na região (veja box) afirmaram durante a pesquisa que confiam muito nas polícias. Percentual considerado ainda muito distante do ideal, pois significa que, praticamente em cada dez pessoas, seis não confiam nas polícias. Mas, apesar dessa desconfiança atingir a maior parte da população, o estudo mostra que, no Centro-Oeste, a sensação de segurança é relativamente alta (116 por mil contra 97 por mil da média nacional).
Mas, se avaliados de forma individual, os dados revelam que essa sensação de insegurança é sentida pela maior parte da população. Conforme a pesquisa, 75% dos indivíduos na região, onde o número de homicídios dolosos está acima da média (254 por milhão de habitantes contra 224 por milhão da média geral do país), ainda sentem medo de serem assassinados.
O professor de sociologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Dijaci David de Oliveira observa que essa sensação de segurança está alta porque a situação de anos anteriores na área de segurança pública era caótica. Ele explica que, quando melhoras começam a aparecer, a intenção, como na pesquisa, é mostrar que o cenário está diferente. Mas, conforme ressalta, a avaliação “segurança é relativamente alta” não significa que é a ideal. “O ideal seria a população sem medo de caminhar nas ruas.”
Essa sensação de insegurança, conforme explica Dijaci, que é vinculado ao núcleo de pesquisas de violência e criminalidade da UFG, faz com que as pessoas encham as residências de aparelhos de vigilância, como câmeras e alarmes, comprem seguros e, o que é pior, andem armadas. E é essa atitude que pode gerar ainda mais violência, ampliando o número de armas sem controle e, segundo o especialista, gerando até mesmo mais suicídios.
Quanto à falta de confiança nas polícias, Oliveira ressalta que as polícias precisam realmente perceber que houve melhora, mas também perceber que estão longe do ideal, que seria toda a população olhar para as instituições sem medo de ser prejudicada. Ele salienta que o dado mostrado na pesquisa é bastante relevante, pois, se as pessoas não confiam nas polícias, não fazem notificações dos crimes que sofreram. “Isso não nos dá a clareza do que está acontecendo. E quando se é planejada a segurança para próximos anos, as ações não vão atender a demanda.”
IMAGEM Oliveira acredita que as polícias têm de mostrar que as instituições são para o cidadão e, para isso, precisa primeiro dar retorno adequado e receber melhor o cidadão. “Se ele (cidadão) é mal recebido, a tendência é não voltar”, diz. A pesquisa mostra ainda que a avaliação dos atendimentos policiais no Centro-Oeste está um pouco abaixo da média do País, com cerca de 400 usuários que declaram aprovar o serviço prestado a cada mil que realmente precisaram entrar em contato com a polícia ao menos uma vez. A região apresenta gasto per capita com segurança pública de R$ 229,36 e o maior contingente policial do País (proporcionalmente ao tamanho da população).
SEXTO MANDAMENTO
Se a mesma pesquisa for apresentada nos próximos anos, segundo avalia Oliveira, o recorte da região seria “totalmente diferente”. Isso porque, conforme diz, a população tinha a ideia de que a polícia não era uma instituição que apresentava grupo que produzisse crime. “Tinhas algumas denúncias, mas não tinha dado real.” Mas a Operação Sexto Mandamento, coordenada pela Polícia Federal (PF), trouxe à tona as suspeitas de que policiais militares (PMs) estariam envolvidos em grupo de extermínio em Goiás. “Em uma próxima pesquisa, todo o reflexo dessa operação será sentida. Agora, os policiais têm um trabalho de tentar mudar radicalmente essa imagem.”
O professor de sociologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Dijaci David de Oliveira observa que essa sensação de segurança está alta porque a situação de anos anteriores na área de segurança pública era caótica. Ele explica que, quando melhoras começam a aparecer, a intenção, como na pesquisa, é mostrar que o cenário está diferente. Mas, conforme ressalta, a avaliação “segurança é relativamente alta” não significa que é a ideal. “O ideal seria a população sem medo de caminhar nas ruas.”
Essa sensação de insegurança, conforme explica Dijaci, que é vinculado ao núcleo de pesquisas de violência e criminalidade da UFG, faz com que as pessoas encham as residências de aparelhos de vigilância, como câmeras e alarmes, comprem seguros e, o que é pior, andem armadas. E é essa atitude que pode gerar ainda mais violência, ampliando o número de armas sem controle e, segundo o especialista, gerando até mesmo mais suicídios.
Quanto à falta de confiança nas polícias, Oliveira ressalta que as polícias precisam realmente perceber que houve melhora, mas também perceber que estão longe do ideal, que seria toda a população olhar para as instituições sem medo de ser prejudicada. Ele salienta que o dado mostrado na pesquisa é bastante relevante, pois, se as pessoas não confiam nas polícias, não fazem notificações dos crimes que sofreram. “Isso não nos dá a clareza do que está acontecendo. E quando se é planejada a segurança para próximos anos, as ações não vão atender a demanda.”
IMAGEM Oliveira acredita que as polícias têm de mostrar que as instituições são para o cidadão e, para isso, precisa primeiro dar retorno adequado e receber melhor o cidadão. “Se ele (cidadão) é mal recebido, a tendência é não voltar”, diz. A pesquisa mostra ainda que a avaliação dos atendimentos policiais no Centro-Oeste está um pouco abaixo da média do País, com cerca de 400 usuários que declaram aprovar o serviço prestado a cada mil que realmente precisaram entrar em contato com a polícia ao menos uma vez. A região apresenta gasto per capita com segurança pública de R$ 229,36 e o maior contingente policial do País (proporcionalmente ao tamanho da população).
SEXTO MANDAMENTO
Se a mesma pesquisa for apresentada nos próximos anos, segundo avalia Oliveira, o recorte da região seria “totalmente diferente”. Isso porque, conforme diz, a população tinha a ideia de que a polícia não era uma instituição que apresentava grupo que produzisse crime. “Tinhas algumas denúncias, mas não tinha dado real.” Mas a Operação Sexto Mandamento, coordenada pela Polícia Federal (PF), trouxe à tona as suspeitas de que policiais militares (PMs) estariam envolvidos em grupo de extermínio em Goiás. “Em uma próxima pesquisa, todo o reflexo dessa operação será sentida. Agora, os policiais têm um trabalho de tentar mudar radicalmente essa imagem.”
FONTE: Diário da Manhã